terça-feira, 9 de abril de 2013

A simplicidade do óbvio
jbcampos

Aquilo que é tão simples,
podendo até parecer reles,
porém, tornar-se-á bem eficaz.
Ignorar o seu halo torna-se ineficaz.
Vida e morte são transparentes parentes,
óbvias aos viventes pacientes e eternos mortais.
A vida, sendo tão simples já é complicada demais!
Então, por que incrementá-la ainda mais?
Sonhar é preciso, porém, não se deve
sonhar sonho breve, o qual se atreve
a antever o sonho que não vai acontecer.
Ser sábio é não fazer da existência: pesadelo.
É se alegrar com o que se vê no próprio espelho.
É jamais ser conformado com tudo o que pode ser
simplesmente mudado, porém, sem mudá-lo de lado
errado. É erradicar o velho ódio do rancoroso pecado.
Transpor montanhas ou qualquer obstáculo-espetáculo,
mesmo sentindo-se fraco, pois, o óbvio desce dos céus.
Simples, quase simplório, porém, sem andar ao léu.
Creia na singela sabedoria a qual advém de Deus.
Ah... Não se preocupe com o que pensem
de você. Não fique apenso à tristeza
dessa mefistofélica mercê.
Esqueça da solidão
sem magoar
Seja aquele “simplório” feliz.
Deixe a “sabedoria” aos trouxas...
Porém, jamais deixe de amá-los!
Aliás, quer tornar-se sábio:
Simplesmente ame!



Quando “navegar é preciso” qual “saudade duma infância querida,
debaixo dos laranjais”, é bom firmar um pedido fagueiro. Ser poeta
vivido é estar sempre inquirido sobre o cultivo da paz. Pensar ligeiro
abrir os ouvidos, tirar dos olhos o argueiro e sonhar sobre travesseiro
de amor alvissareiro de verdadeira instrução. Antes de ser abduzido,
deixar a má petulância da infância “que os anos não trazem mais”.
Escravizar estrangeiros, imundos “navios negreiros” é jactância
demais. Bom mesmo é “tirar a pedra do meio do caminho”
antes que ela fure o fundo do velho escaninho. Porém,
com carinho ele “será eterno enquanto dure”,
e pela verve que ferve ele apure,
e pela vida inteira será
sua ilusória liteira,
portanto, não irá
“coche pela vida”
sem eira nem
guarida,
amargando seus ais.
Na lida de rara beleza
terá por realeza advinda
da grandeza de Deus-Pai.
Quiçá, “será amigo do rei,
habitará as terras
de Pasárgada”, irá
sempre adiante, seguirá
radiante e saberá livrar-se
do “Inferno de Dante”,
será bom viandante,
e um fiel amante
ao palmilhar
o caminho
da paz.

Coisas de poeta.


O trem do medo

Hoje eu levantei mais cedo

para falar do  trem do medo.
Não sei  se faço mal, ou bem.
Já não posso guardar o segredo.
Porém, a ninguém aponto o dedo.
É um velho enredo de ameaço-ledo.
Então, procuro cumprir minha missão.
Aquela de escrever com o puro coração.


Até se me parece desastre dum trem
como deste fundo, um clarão vem,
vindo profundamente do mundo
do  além, porém, com alguém
rotundo, tomando o espaço.
E a mente da gente mente;
tal qual  como ninguém,
mostrando o fracasso.
Fazendo  total  mistura
como o alinhavo de costura,
entrelaçando  o mal com o bem.
Nessa entretela coloca-se na tela
uma ossada  divina  e completa.
Porém, nada tem de discreta
como se fora de um atleta.
Dela se  tira  uma costela
fazendo-se dela a mazela;
procriação do pecado-trem.
Acho-me  em  elevado degredo
enlevado pelo  pensamento-medo,
exaltado com  o  trem já imaginado.
Ele não vem de frente, vem de lado
de vermelho-sangue pintado.
Enlevo de mente levada,
demente e quase parada,
mal-educada à malcriada.
Pensando no estrago desse pecado,
forçado  à  descarga  de  privada,
fico privado e desequilibrado.
Pareço um trem descarrilado.
Na minha visão aquilina,
de duas velhas meninas,
e como velhas inquilinas
de um olhar apaixonado
por um lar assombrado,
Apesar de assobradado.
Vê-se esse bicho vir de lado.
Desguarnecida, vê de cima
duma   encanecida   cabeça
sem prever  que nela desça
um jato,  que vem do astro,
e que disto ela padeça.
É como o valor do amor,
não dá pra ser mensurado.
Isto tudo não é engraçado?
Quanta bobagem,
essa costela é a mãe
que tem a bela coragem
de se doar a gregos e alemães
e do planeta fazer a contagem.

Enquanto o trem passa;
tropeçamos no pecado.